terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Biodiversidade é incinerada nos alto-fornos

Observatório do Agronegócio

Parte da população que vive no Pantanal está em pânico diante da velocidade com que esta ocorrendo a destruição das matas nativas do Pantanal e do Cerrado do MS, depois que duas grandes siderúrgicas lá se instalaram, em 2007, denuncia a Dra. Sônia Hess, professora Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e coordenadora do curso de graduação em Engenharia Ambiental.

O deputado federal Fernando Gabeira já está agendando uma Audiência Pública, na Câmara Federal, para tratar do tema desmatamentos x siderúrgicas no MS, mas ainda não foi marcada a data dessa reunião.

“Enquanto isto, alerta a professora Hess, diariamente se vão mais de 3.500 toneladas das nossas árvores nativas, para alimentar os alto-fornos das siderúrgicas..
- O que se vê são filas de caminhões com carvão de mata nativa estacionados na frente das siderúrgicas, sem controle algum para verificação da sua procedência - a maior parte, provavelmente ilegal, reclama a Dra. Hess. Nas estradas que ligam MS a MG, sempre que a policia fiscaliza, apreende caminhões lotados com carvão proveniente da depredação das matas nativas.

Quem é Quem
No MS, as siderúrgicas estão utilizando carvão de mata nativa no processamento de minério de ferro, na proporção de mais de uma tonelada de árvores por tonelada de ferro produzida, informa a Dra. Hess.

De acordo com a Dra. Sônia Hess, o consumo de mata nativa pelas siderúrgicas instaladas Mato Grosso do Sul é o seguinte, por empresa:
1) Siderurgica MMX METÁLICOS - consome em torno de 375.000 t/ano de árvores nativas na forma de carvão vegetal, ou seja, pelo menos 1.027 t/dia de arvores são destruidas para atender a demanda desta siderúrgica (fonte: EIA/Rima da empresa);
2) SIDERÚRGICA SIDERUNA - 366.520 t de árvores/ano, 1.004 t/dia de árvores destruídas diariamente. (Fonte: Rima da empresa)
3) VETORIAL SIDERÚRGICA - 403.830 t de árvores/ano, 1.106 ton/dia. Em parte, este consumo é suprido por plantações de eucalipto mas, em 24/01/2006 esta empresa foi multada em R$ 21 milhoes, pelo IBAMA, devido ao uso de carvão de matas nativas de fontes irregulares, lembra a professora da UFMS.
4) SIDERURGICA COSIMA (Companhia Mato-grossense de Siderurgia ) - 280 ton/dia de árvores nativas;
5) Urucum Mineração (da Companhia Vale do Rio Doce) - 58.696 t/ano, 161 t/dia de árvores nativas na forma de carvão vegetal. Em 24/01/2006 esta empresa foi multada em R$ 3 milhões, pelo IBAMA, informa a profa. Hess, devido ao uso de carvão de matas nativas de fontes irregulares.
Portanto, conclui a Dra. Sônia Hess, da UFMS, somando a demanda por carvão vegetal pelas siderúrgicas instaladas no Mato Grosso do Sul, tem-se um consumo diário de 3.578 t/dia de árvores transformadas em carvão (a maioria absoluta, proveniente de matas nativas)

Observatório do Agronegócio, 25 de dezembro de 2007

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